Resolvi postar aqui um fragmento de um escrito de Albert Einstein sobre a liberdade que achei muito interessante pois tenta mostrar que a ciência e a religião podem seguir juntas desde que percebam os reais objetivos de suas existências que é conduzir o homem a um estado consciente de pleno conhecimento e liberdade. Ele traz à reflexão o conflito entre o pensamento religioso e a ciência, que permanece forte até mesmo nos nossos dias. Basta lermos o último escrito de Stephen Hawking (um dos famosos e proeminentes físicos da atualidade) e que afirma que a ciência não necessita da existência de Deus, ou seja, Deus é um ser totalmente desnecessário para o entendimento da existência do universo e do homem. Penso que essa assertiva seja um tanto precipitada, quando o homem nem mesmo consegue entender com exatidão como funcionam seus dois principais orgãos vitais: o coração e o cérebro. O texto do Einstein é interessante, pois tenta compatibilizar as duas correntes de pensamento.
"Se um dos objetivos da religião é libertar a humanidade,
tanto quanto possível, da servidão dos anseios, desejos e
temores egocêntricos, o raciocínio científico pode ajudar a
religião em mais um sentido. Embora seja verdade que a meta
da ciência é descobrir regras que permitam associar e prever
os fatos, essa não é sua única finalidade. Ela procura
também reduzir as conexões descobertas ao menor número
possível de elementos conceituais mutuamente independentes.
E nessa busca da unificação racional do múltiplo que a
ciência logra seus maiores êxitos, embora seja precisamente
essa tentativa que a faz correr os maiores riscos de se
tornar uma presa das ilusões. Mas todo aquele que
experimentou intensamente os avanços bem-sucedidos feitos
nesse domínio é movido por uma profunda reverência pela
racionalidade que se manifesta na existência. Através da
compreensão, ele conquista uma emancipação de amplas
conseqüências dos grilhões das esperanças e desejos
pessoais, atingindo assim uma atitude mental de humildade
perante a grandeza da razão que se encarna na existência e
que, em seus recônditos mais profundos, é inacessível ao
homem. Essa atitude, contudo, parece-me ser religiosa, no
mais elevado sentido da palavra. A meu ver, portanto, a
ciência não só purifica o impulso religioso do entulho de
seu antropomorfismo, como contribui para uma
'espiritualização' religiosa de nossa compreensão da vida.
Quanto mais avança a evolução espiritual da humanidade, mais
certo me parece que o caminho para a religiosidade genuína
não passa pelo medo da vida, nem pelo medo da morte, ou pela
fé cega, mas pelo esforço em busca do conhecimento racional.
Neste sentido, acredito que o sacerdote, se quiser fazer jus
a sua 'sublime' missão educacional, deve tornar-se um
professor.
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"Ciência e Religião" (1939-1941) - Págs. 25
a 34. Einstein, Albert, 1870-1955 Título
original: "Out of my later years."
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